quinta-feira, 5 de outubro de 2017

NÃO É LAMENTO NÃO

NÃO É LAMENTO NÃO

Tenho uma dor
Tão minha
Que não sei de onde vem
Lacinante ardor
Negra andorinha
De beiral em beiral
De estação em estação
Filha de ninguém
A devorar o coração
A massacrar e a ferir
Íntima carnal
Selvagem animal
A dor em caudal
Rio de solidão
A escorrer este sentir
Sem nada para se ver
Esta insistência existir
Este lamento e doer
Apetecido desistir
Sofreguidão
Deste insistente sofrer
Sem rosto ou ferida aberta
Ou sangue a escorrer
Mas a carne tão desperta
Tão sentida e tão viva
Tão dúbia tão incerta
De viver a morrer
Nulo sofrimento
Tão difícil acreditar
Que é sério este lamento
...
musa

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