segunda-feira, 22 de outubro de 2018

OUTONO DOS DIAS

OUTONO DOS DIAS

Do enternecedor olhar
Enquanto pássaros orvalharem
Marejadas manhãs
Com cânticos de silêncio e ausência
E voos em outonal diário
Com folhas a esvoaçar
Súbita transparência
A descair do calendário
Sem terminarem
Íntimos os dias

E pelos campos o abandono
As tardes sombrias
Frágil ensoalhado
Doces melancolias
O chão trabalhado
Para adormecer

O voo rasante das aves
Sobre o restolho a tecer
Ninhos de aromas eternos
E os longos invernos
As invernias suaves
Antes da árvore morrer
Ou a folha amarelecida
Queima de outonalidades
Loucas intimidades
Da vida
musa

terça-feira, 9 de outubro de 2018

MEDALHA DE S. FRANCISCO DE ASSIS

A MEDALHA DE S. FRANCISCO

Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna!

S. Francisco desceu à terra tantas vezes. Tantos rostos, tantos rastos, tantos rumos, tantos quantos os afagos de mão estendida sobre a cabeça dos necessitados, e o sossego oferecido, e a promessa de vida de tudo o que já se havia perdido, por caridade reconduziu a esperança e a bondade pelos caminhos do bem, e deixou a missão de proteger os animais em muitos corações . Descido à terra remediou desassossegos e solidão, o abandono e o esquecimento, e atravessou de perdão todos quantos retidos no arrependimento, meditam de prece a espiritual caminhada do silêncio.
Foi numa dessas caminhadas que perdeu a medalha que o meu bisavô João achou, a amanhar os campos de terra fértil que lhe ocupavam as mãos, entregou-lha uma manhã fria, depois de ele libertar uma raposa que tinha caído numa ratoeira, ao enxotá-la para o monte, reparou como os seus olhos faiscavam, e uma áurea envolvia o animal e quase podia distinguir o santo de mão estendida atraindo a raposa por entre as giestas e altas estevas e afagando-lhe a cabeça, a conduzia em segurança à liberdade, e podia ver as vestes escuras e acobreadas como brilhavam por entre a vegetação e abriam uma clareira de coisa sobrenatural ou mística, ou a espiritual delicadeza de uma visão de generosidade e deslumbramento, ou quem sabe, o encantamento dos montes transmontanos e o cordão umbilical da memória a tecer de palavras a manta de afectos tantas vezes já remendada.
Numa face da medalha bem gasta pelo tempo, aparece S. FRANCISCO diante da cruz, a mão direita sobre o peito e a esquerda sobre um crânio. De inscrição quase ininteligível, em ambos os lados, no outro N. Sra. das Graças, a luz espargida de ambas as mãos, delével o relevo do cobre assume a idade e o longo adormecimento no chão virtuoso do caminho que levava romeiros a terras de Bragança.

musa

Artigo interessante sobre esta medalha: ano da medalha, anterior a 1830?
"Medalla de bronce, de forma ovalada y anilla perpendicular al plano de la medalla.
Anverso: San Francisco de Asis con hábito de la Orden : capuchón y cordón. Ancha tonsura monacal. Arrodillado frente a un crucifijo y apoyando su mano sobre un cráneo . Se perciben las llagas en el dorso de sus manos ). Nimbo característico del siglo XVIII. Leyenda en letras latinas : S.FRANCISCEORA PRO N
Reverso : Imagen de la Virgen con el haz de rayos que salen de sus manos ( Medalla Milagrosa 1930 ) pisando la serpiente sobre la bola del mundo.
Leyenda: MARIA SINELABE CONCEPTA O.PRO. AD TE CONFUGIENTIBUS.

Pensais que podría ser de la primera mitad del XIX , despues de 1930 y con motivo de la proclamación del Dogma de la Inmaculada Concepción ( 8 diciembre de 1854) ?
":reflexion: : Los Franciscanos, feroces defensores de la " Inmaculada Concepción" y conocedores de la aparición de la Virgen María a S.C. Laboure , acuñan una medalla con la efigie de San Francisco ,que seguramente ya habían utilizado y en el anverso una nueva imagen , hasta aquel momento no representada ,de la Inmaculada Concepción.
Los atributos para esta nueva representación , los toman del mensaje anunciado a S. Catalina Laboure y que copio de la página web citada : [...] " María aplastando la cabeza de la serpiente que esta sobre el mundo. Ella, la Inmaculada, tiene todo poder en virtud de su gracia para triunfar sobre Satanás.
-El color de su vestuario y las doce estrellas sobre su cabeza: la mujer del Apocalipsis, vestida del sol.[i] ( no figura en la sometida a estudio)
-Sus manos extendidas, transmitiendo rayos de gracia, señal de su misión de madre y mediadora de las gracias que derrama sobre el mundo y a quienes pidan.
-Jaculatoria: dogma de la Inmaculada Concepción (antes de la definición dogmática de 1854). Misión de intercesión, confiar y recurrir a la Madre.
Sí ,pero no según la posición de la Medalla Milagrosa : .. " Estas palabras formaban un semicírculo que comenzaba a la altura de la mano derecha, pasaba por encima de la cabeza de la Santísima Virgen, terminando a la altura de la mano izquierda"-El globo bajo sus pies: Reina del cielos y tierra.
-El globo en sus manos: el mundo ofrecido a Jesús por sus manos."

http://www.identificacion-numismatica.com/t13361-v-milagrosa-s-francisco-de-asis-s-xix

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

VIAGENS PELO MUNDO

VIAGENS PELO MUNDO

Viagens dos cinco sentidos
Não sei se navego as nuvens
Ou se navego as águas
Por rios perdidos
Se atravesso o céu nublado
De olhar marejado de lágrimas
No desafogo de mágoas
E o peso do corpo cansado
Serenidade dos sonhos vividos
A sonhar com um céu estrelado
Por entre a nebulosidade
De um abraço por cumprir
Ou o silêncio por sentir
O presente e o passado
A ilusão do tempo
Doce saudade
Breve esvoaçar
Pelo mundo a viajar
Na ternura do pensamento
Abro mansamente a mão
E o mundo cabe nos cinco sentidos
Nos olhos cegos escondidos
Às vezes uma viagem de avião
Levantar voo num sorriso perfeito
E abrir tantas fronteiras no peito
De estrada em estrada e de estação em estação
Ou apanhar o comboio devagar
E de abraços enganar o olhar
Ou o silêncio que fica por ouvir
Ou os monumentos por tactear
Os campos e as ruas por cheirar
As cidades por sentir
Ou as iguarias por provar
De sentimento profundo
Poder dizer
Já viajei por todo mundo
Só para viver
...
ana barbara santo antonio

ESSE MEDO DA MORTE

ESSE MEDO DA MORTE


Frialdade adormecida em névoa sobranceira
Quando da morte espreita de luz à cabeceira
Essa fealdade estremecida no escuro dorido
Que o medo desconhecido faz todo o sentido


Temerosa de pânico e pranto dessa escuridão
Fechar olhos na mortalha ou dentro do caixão
O receio devora a alma e todo o pensamento
A hora que acalma por dentro o sentimento


Poema algum em tempo e cura atenue o sofrer
Ou as palavras certas para a metáfora da vida
Sejam o refrão do verso que fique por escrever


E os livros encerrem nas tábuas do destino
Até à última morada encurtem a partida
E o medo se perca pelas pedras do caminho
musa

CÉUS DE INFERNO

CÉUS DE INFERNO

Estes céus de inferno
Que me habitam
De fogo intenso e vermelho
Não sei se a vida ao espelho
E de escuridão cogitam
Tudo mansamente derreter
Espalhando tristeza em degelo
Em infernal viver

De olhar aguado deslumbramento
Cílios marmoreados de fogo lento
Crepuscular chama do entardecer
Espalhando a pátina do vento
Numa asa quieta do tempo
De encarnado sofrer

Viva ilusão trémula ensanguentada
Corpo celestial raiado de vermelhidão
Por entre as nuvens treva manchada
Violácea dor a teimar de solidão

A querer queimar num sopro luminosidade
De penumbra sombria em murmúrios e pranto
Ou a melancolia rubra do desencanto
A hora ingrata da partida
Talvez a eternidade

Profundo martírio de mistério e beleza
Ou somente a dura e instável ilusão
O delírio intimidade e a incerteza
A loucura e a imutável confusão
Da vida…
musa