DAS PEDRAS QUE FALAM
Não sei de que falam
As pedras trazidas
Pelos olhos
De minha mãe
Que bramidos calam
De rezas sentidas
De aqui e de aquém
Ermos lugares
Onde não anda ninguém
Perdidos belos ares
Espantados olhares
De um silêncio infinito
Tão perto tão além
Onde o manso grito
É doce melodia
Em firme granito
De pedra melancolia
Firmes esteios sombras e luz
A embalar a noite e o dia
A hora que de surpresa seduz
A treva de estrelas e a escuridão
Bruxas e faunos fazendo magia
Profanos e divinos segredos
A escapar-se dos dedos
A cúmplice ilusão
Da eternidade
Das pedras que falam
De vida e de intimidade
Entre o vento e a alma
A pedra e o corpo e a ave
O murmúrio o cântico e a calma
Entre a terra o céu e a poesia
A palavra a empedernida trave
A umbilicalidade do sentir
O chão enraizado de agonia
Os sentidos e o espanto
No cimo da Serra o encanto
O agradecer e o existir
…
musa
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