FRIA
PRIMAVERA
Onde
desabrocharam as flores que eu não vejo
Que
ventos levaram odores que eu não sinto
Que
asas voaram céus que desejo
Ser
primavera que em flor consinto
Esperando
quieto ensejo
Campos
ao olhar floridos
E
no meu ser despedidos
Este
sentir que prevejo
Longe
dos meus sentidos
Em
flor frialdade
Instante
saudade
Por
onde andam perfumes da primavera
As
cores salpicando o verde da paisagem
Sol
bordando de calor iluminada esfera
Que
aquece em luz e cor dócil estiagem
Olho
além horizonte e tudo é frio
Do
azul do céu agora tão cinzento
Prevalece
no olhar húmido sombrio
Um
abraço de maresia trazida pelo vento
Nas
árvores tímidas folhas de um verde tom
Quase
esmaecido pela gélida ventania
Estão
tão sozinhas e o mar dá-lhe o som
Da
dança frenética das ondas em agonia
Uivando
o vento sobre as aguas revoltadas
A
frialdade em agitadas vagas alteradas
Não
há mais frio que uma primavera à beira-mar
E
ao longe os campos de um verde acinzentado
As
árvores se curvando a um Neptuno a gritar
Nos
céus a chuva bramindo cântico agitado
E
eu aqui sentindo este Março por desflorar
O
perfume das flores no meu olhar fechado
Em
silêncio escondido entristecido chorar
No
mar e em terra há flores por abrir
Há
instantes por sentir
Há
flores por florir
…
musa
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