Já é primavera e ainda esta invernia
A cobrir-me o sangue do olhar
Esta estranha cinzenta vazia
Frialdade a despontar
E esta névoa desfraldada
De verdes mantos a florir
De sonhos prantos por sentir
Como se de uma tarde toda iluminada
De leveza e encantos e alegria
Nesta natureza emancipada
Que os olhos parecem chorar
De uma tristeza enevoada
Do anoitecer até de madrugada
Em dolente apática malfadada histeria
De uma primavera a orvalhar
Como verde maresia
Tantos orvalhos a te humedecer
E sim amor já é primavera
E há flores e árvores e verdes campos
Cheios de cores e doida quimera
A despontar-te o ser
O sonho desta estranha primavera
Por dentro do sentir a florescer
E de lágrimas nesse choro eu tivera
Como a folha o fruto a amadurecer
Ou estranhamente e só endurecer
Sentidamente estranho acontecer
Na vida no sonho se desfizera
...
musa
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