domingo, 19 de janeiro de 2014

TRAINEIRA DA TARDE

                        Galeria Vieira Portuense

TRAINEIRA DA TARDE

Eram azuis os entardeceres
Quando te olhava na parede
Imortal traineira da tarde
Um corpo de riscos e tintas
Esquisso de aconteceres
No convés estendida a rede
No horizonte um sol que arde
No olhar imagem que consintas
E havia lilases matizes e negros
E havia na tela ainda os medos
De mares sem tempo viajados
E havia na tela ainda olhares marejados
Mistura de cores e lagrimas choradas
E havia ainda as mãos manchadas
De sentidos e pensamentos afogados
E no fundo profundo da tela colorida
Brilho pátina de lembranças iluminadas
Riscada em pinceladas de azul a vida
Entre sois de desassossego despontados
E o murmurar do encantamento
Cascos de sal e vento mareados
Vagabundeando o deslumbramento
Errante desnortear do sentir
Há na tela acesa de azuis o chamamento
E esta saudade da traineira ainda ver partir

musa

2 comentários:

Jose Sepulveda disse...

Fantástico. De facto, uma poetisa de corpo inteiro.
Parabéns, Ana Bárbara.

Jose Sepulveda disse...

Fantástico. De facto, uma poetisa de corpo inteiro.
Parabéns, Ana Bárbara.