POEMA A
UM POETA AUSENTE
No
interior da velha mansarda
Ainda
agora arrumei as tartarugas
A pálida
tarde turva e parda
Reparei
que os embaciavam as rugas
De uma
bruma salgada e fria
Talvez
sei lá a maresia
No olhar
da intimidade
Que a
tristeza esvazia
De
saudade
As rugas
da pele do rosto das mãos
Os olhos
molhados de umas lágrimas maduras
Sulcos no
corpo marcas de tantas loucuras
Em
baixios de ímpios vãos
Nos olhos
cansados de ignorar ver
Mágoas
nas escadas a correr
Os óculos
riscados de tantas aventuras
E o tempo
alma na pressa se estremecer
A utopia
das lembranças arrumadas em secretos desvãos
Esquecido
que foi o dia que se fez esquecer
Porque o
corpo as mãos e as desventuras
Tombaram
como um denso nevoeiro
E o
sangue esfriou a tinta no tinteiro
Deixou as
últimas marcas de palavras
A marcar
presença do poeta ausente
A
essência infinita do que ele sente
Passas a
porta inconsciente
O poeta
não estará mais aqui
E todo
ele inteiro profundo
As mágoas
que já senti
Em agonia
euforia
Como a
maioria do mundo
Quando
sente a poesia
...
musa
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