terça-feira, 14 de agosto de 2018

PRANTO SILENCIADO

PRANTO SILENCIADO

Aprendi a orar ao silêncio
Sobre todas as mágoas adormecidas
Construí um templo de memórias esquecidas
Da alma fiz um altar
Das veias círios a arder
E o sangue em lágrimas por queimar
O amor que ficou por fazer

Aprendi a amar num silêncio de pranto
A teia que o tempo ajuda a tecer
Que o feitiço a oração ou quebranto
De silente sentir
Ensina a esquecer

Aprendi dos ensinamentos
A profundidade
Dos sentimentos
A densidade
Dos pensamentos
A intimidade
Em verbos nunca conjugados
Em modos nunca soletrados
Em tempos nunca inventados
De silenciados devaneios
Ou versos por escrever
Dos mais íntimos anseios
Ou mais secretos enleios
Do que ainda pode acontecer

Aprendi a prece
O silêncio murmurado
O choro mudo e sufocado
A dor que enlouquece
Bem fundo o interior
Da lágrima fecunda
De resignado amor
A tristeza profunda
Sem voz ou clamor

Aprendi com paciência
Sem querer ou esperar
Deduzi sem qualquer ciência
Que o saber e o calar
A ser fruto da experiência
Tem mais lágrimas do que chorar
...
musa

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