segunda-feira, 13 de agosto de 2018

POBREZA CITADINA

Madrugada fresca ainda anoitecida
nas ruas da cidade
Florescem silêncios de papelão
Na avenida sossegada entristecida
Crescem espinhos de solidão
E os gatos disputam soleiras de portas
Em sombrias e fúteis horas mortas
Lutam de garras acesas como lampiões a parir
Dores exaustas compadecidas
e raivas a essas vidas presas
De um tormento por sentir
Roupas rotas e encardidas
E toda uma vontade de desistir
No desespero de luas divididas e ilesas
De qualquer obrigação
Na sua luminosidade imprevisível
No desassossego de becos nauseabundos
Adormecem sonhos profundos
De uma dor estranha e invisível
toda uma miséria escondida
Que o dia parece esconder
Em meiga e faminta desilusão
Mesmo que por debaixo do cartão
Uma vida
Espere para morrer
...
musa

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