segunda-feira, 13 de agosto de 2018

BAÇO OLHAR

BAÇO OLHAR

Há um barco
De memórias em cinzas
Solitárias sombras
Ardidas de cansaço
A dobrar esquinas
Em ruas sem sentido
E nas ombreiras de aço
Portas mal fechadas
Soleiras calçadas
De silêncio esquecido
Embaciado salgado
Marés de lágrimas
Ao azul rendido
A romper becos escuros
Líquido alterado
Velas de lençóis
Em madrugadas de altos muros
Tolhidas por orvalhos passageiros
E cais de vagas tardias
Portos sem tempo
Odores e cheiros
Ilusões vadias
E nas calçadas o lamento
De ruas desertas
Vagas melancolias
Janelas abertas
Em prostituída intimidade
Luminosas e sombrias
E todo um oceano desmemoriado
E o pranto a transbordar
A lembrança e a saudade
E a tormenta e o passado
Onda a onda sobre o olhar
No areal eternidade
Ruas a morrer na praia entristecida
A casa já sem telhado
Um rio em ruínas
O lado triste do litoral
Lá longe no areal
Olhos baços de neblinas
Uma concha perdida
Talvez o lado esquecido
Da vida
Entre o bem e o mal
...
musa

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