domingo, 29 de novembro de 2015

PRECE NEGRAL

Quando eu morrer
Sejam as minhas cinzas raízes
De horas sombrias infelizes
No chão que me viu nascer
Espalhem nas junto ao carvalho NEGRAL
Nas lágrimas sede do rio Tuela
Gotas de orvalho suspensas na janela
Abraços do vento em frio carnal
E a nuvem que passar diante da janela
Dêem lhe as cinzas que restarem
No vaso barro do meu chão
As cinzas raízes que ficarem
Lágrimas do carvalho solidão
No monte entre fraguas à beira rio
Onde o tempo fugidio
Seja altar de oração
E se faça perpétuo eterno
De raízes cinzas de sentidos
Agreste abraço do inferno
Por tais caminhos perdidos
Pela mão de Deus e do demo
E os ventos espalhem a prece
Nas margens árvores erguidas
Paraíso da loucura
A luz da alvorada que verso esmaece
A luz do entardecer que sentir desfalece
As folhas das árvores despidas
Não mais do que o sonho desventura
As minhas cinzas perdidas
Raízes de ternura
...

musa

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