Uma morte
é uma tragédia, 130 mortos não são uma estatística: mural e memorial das
vítimas.
Paris, 13
de Novembro de 2015
CÂNTICO
NEGRO
Tremia
todo o indivisível olhar
Como
sobre as dunas do deserto
As balas
sobre os corpos a ondular
Em
trajecto perdido e incerto
Em
rajadas precisas para matar
Quem
ousasse estar por perto
E os
corpos tombados no chão
Manchando
de silencio aturdido
O grito
abafando o sentido
A
Kalashnikov na mão
E negros
vultos dançando
E negros
cânticos entoando
E negros
tiros disparando
A melodia
bélica canção
E por
terra os corpos tombando
E por
terra o sangue manchando
As pedras
frias do chão
Os olhos
fechados sem saber
Sem nunca
entender a razão
Da dança
negra até morrer
A vida
que se apaga em escuridão
E negro
cântico arrasta a madrugada
E negro
sonho assim desfeito
E negra a
dor assim aliviada
A vida
que se apaga uma bala no peito
E negra a
raiva de quem tudo vê
E nos
braços a vida estremece
E canta e
embale a prece
Do deus
em quem não crê
Incrédulo
com o que acontece
A vida
que nos braços desfalece
Fechando
nos olhos o porquê
...
musa
1 comentário:
Magnífico poema, muito oportuno. Gostei imenso.
Tenha um bom fim de semana, minha querida amiga Ana Bárbara.
Abraço.
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