sexta-feira, 22 de maio de 2015

TÃO SÓ AS TECLAS - a ANA LUISA AMARAL( E Todavia)

Há de haver absoluto silêncio
Sobre o dorso das teclas
Onde deposito alma
Corpo de sílabas
Esboçado a versos
Na crina da palma
Assim entregue
Os dedos em esboço
Tocável e tocante
Intimidade que se ateve
Antes de ser minha amante
E o teclado o corço
De olhar fugidio
Há de haver todo meu corpo aí
Lânguido afável escorregadio
De carícias lacunares
Como já senti
De roçares rebeldes
Como já vivi
De um sentir vadio
Como aqui
Nesta cama se me amares
Fizeres de mim alquimia
O verso lastro urgente
Sobre as teclas deixares
O calor húmido do leito quente
Dócil desgaste que assobia
Murmúrios de prazer
Ritual de magia
Consumada inspiração
O delito dessa orgia
O gozo de escrever
Essa excitação
Sim há de haver
Tão só as teclas
E poesia
...

musa

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