segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dueto com JOÃO PAULO MARTINS - desconstrução em excesso




DESCONSTRUÇÃO EM EXCESSO

Paralisado à porta de entrada,
aproveitava a chegada do sossego.
A noite tem espaços dedicados
ao longo acontecer da imaginação.

É com o acordar que se busca a boca
encharcada de saliva onde está sabor da língua,
porque a casa arrendada ao odor do corpo
reside na expropriação do palácio habitado de gemidos.

A sala de visitas está decorada de cansaço
e os sentidos embalam-te por dentro.
É nesses lugares sem nome
que o prazer tem a marca da criatividade.
E os pequenos pedaços de pele
guardam os arrepios para te estremecerem.

Enquanto isso,
esquecemos porque vai passear a sedução
debaixo dos piropos que fazem sorrir.
JOÃO PAULO MARTINS (Juan Pablo)

***
há casas vazias cheias de palavras
em quartos por arrumar
casulos violados em janelas por abrir
teias de emaranhados sótãos por decifrar
corredores sem luz e sem ar
caves por descobrir
passeio a pairar

assoalhadas por arrendar
na tua pele abandonada
o pó toma conta dos poros suados
a madeira carcomida e descascada
faz das paredes telas por pintar
e os tectos dos teus olhos fechados
são a casa sem luz onde nunca vou habitar

arrendas-me em palavras sem sentir
sem identificados degraus
por onde possa subir
o montão de escombros calhaus
que ficou do teu abandono
nesta casa sem dono
onde vou existir
...
musa