DESCONSTRUÇÃO EM EXCESSO
Paralisado à porta de entrada,
aproveitava a chegada do sossego.
A noite tem espaços dedicados
ao longo acontecer da imaginação.
É com o acordar que se busca a boca
encharcada de saliva onde está sabor da língua,
porque a casa arrendada ao odor do corpo
reside na expropriação do palácio habitado de gemidos.
A sala de visitas está decorada de cansaço
e os sentidos embalam-te por dentro.
É nesses lugares sem nome
que o prazer tem a marca da criatividade.
E os pequenos pedaços de pele
guardam os arrepios para te estremecerem.
Enquanto isso,
esquecemos porque vai passear a sedução
debaixo dos piropos que fazem sorrir.
…
JOÃO PAULO MARTINS (Juan Pablo)
***
há casas vazias cheias de palavras
há casas vazias cheias de palavras
em quartos por arrumar
casulos violados em janelas por abrir
teias de emaranhados sótãos por decifrar
corredores sem luz e sem ar
caves por descobrir
passeio a pairar
assoalhadas por arrendar
na tua pele abandonada
o pó toma conta dos poros suados
a madeira carcomida e descascada
faz das paredes telas por pintar
e os tectos dos teus olhos fechados
são a casa sem luz onde nunca vou habitar
arrendas-me em palavras sem sentir
sem identificados degraus
por onde possa subir
o montão de escombros calhaus
que ficou do teu abandono
nesta casa sem dono
onde vou existir
...
musa
1 comentário:
PERFEITO !
Enviar um comentário