... e porque amanhã é DIA DA CRIANÇA... aqui fica uma historinha
para contar logo a noite antes de adormecerem...
de ana bárbara de santo antónio
CANOCHINHA E A FOFA NUVEM CHORONA
Conto Infantil
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Era um país virado do avesso.
Ora deixa-me cá ver se eu não me esqueço do que vos vou dizer.
Vou falar-vos de um menino travesso, com cara de anjinho mas que era um
diabinho, um cão bolinha, traquina, de pelo pequenino todo enrolado,
encaracolado, e uma nuvem endiabrada que nunca lhe escapava nada.
As pessoas viviam nas nuvens e as nuvens viviam na terra. E
com esta confusão já nem sei quantos eles são?!
Ah! Já me lembro! Se calhar passou-se em Dezembro?!
Havia o CANOCHINHA, um miúdo de 5 anos, que vivia mais vezes
nas nuvens do que tinha os pés na terra, sentia-se triste e sozinho porque não
tinha manos, mas tinha um cão que tratava como um irmão, e não falava com
estranhos. Mas se as nuvens estão na terra e as pessoas vivem nas nuvens como
pode o CANOCHINHA não estar nas nuvens?
Também havia uma nuvem que se chamava FOFURA, muito
malandrinha mas de uma enormeeeee doçura, fofa e pequenina de uma grandeeeee
ternura, e que era uma nuvem chorona mas muito brincalhona. Ria por tudo e por
nada e arreliava a rapaziada quando queriam ir brincar na rua e ela se
transformava em lua sem olhar a meios, e escurecia o dia, roubando-lhes a
alegria de correr em pleno dia de sol, então era um rol de nomes feios,
daqueles que não se podem dizer, pois a mãe ou o pai ou seja lá quem for, podem
nos ralhar ou bater, e depois se calhar dói de dor e de injustiça a valer,
porque se os nomes existem é para que se possam dizer e não fiquem na preguiça
de quem não os quis aprender.
Aprender era com o CANOCHINHA! E lá ia ele para a cozinha ver
o seu pai a preparar os guisados, os cozidos, os assados, tudo lhe saía bem,
melhor do que há sua mãe. Jeito ela não tinha para cozinhar, mas para mimarrrrrr…
ai ai ai, que bem que ela sabia acarinhar, dava colinho e miminho, sempre que
se fazia beicinho, ela nisso já não era como o pai, não era não! Mas amor de
mãe ou amor de pai são do mesmo coração, letra da mesma canção.
Sempre que o miúdo saía com o cão, a nuvem FOFURA divertia-se
com uma diabrura.
Andava o CANOCHINHA na rua em plena luz do dia, com o SABOGAS
a passear, todo cheio de alegria, a cantarolarrrrr… e não querem ver o que
passou a acontecer!
O dia ficou escuro, como se embatessem contra um muro, e
começou a chover.
O miúdo e o cão ficaram atrapalhados, quase envergonhados pela
sua figura, roupa molhada, pelo molhado, a manhã estragada o dia roubado, pois
ficou de noiteeeee muito escurooooo, mas que loucura os dois a pingar, a nuvem
chorona desatou a rir, e os dois nas nuvens com vontade de lhe dar um açoite,
de tanta raiva a espumar só lhes apetecia gritarrrrr, completamente encharcados
só lhes apetecia fugir, e a nuvem na terra a rir, a rirrrrrrrrrrrr.
Grande trapalhada! Era mesmo uma nuvem traquina, fosse de
noite ou de dia, chovia em cada esquina. Toda a gente ficava arreliada com essa
tropelia.
- Olha lá oh nuvem destrambelhadaaaaa, tu sabes o que estás a
fazer? Pára lá de chover, ouviste! Estou-te a repreender! Volta a devolver o
dia e leva lá a noite para outro lado, ou eu fico mesmo zangado!
- Não querem ver o miúdo reguila! A encher o peito como se
fosse um gorila, eheheheheh, agora vai para casa secar o cabelo e bebe mas é um
chá de camomila, ou a tua mãe chega-te a roupa ao pelo, porque vais ficar
constipado, tu e o teu cão ensopado!
- E a culpa é tua, nuvem do tamanho da lua! Ai se te apanho
torço-te até ficares deste tamanho, um grão de areia, sim, sim! Nunca mais
ficas lua cheia!
- Pois mas isto é porque tu andaste a fazer disparates, é só
uma lição, porque ontem deitaste muito limão na água da tua prima, e coitada da
menina, ficou com a língua parecia uma tangerina, encarnada alaranjada a
queimar!
O SABOGAS ajudou à festa e começou a ladrar e a rosnar e a
saltitar com vontade de morder, para ver se apanhava a nuvem lua, à dentada, o
CANOCHINHA limpava a água da testa a escorrer, era mesmo de enlouquecer!
Mas ela contorcia-se, torcia-se, retorcia-se, como um
contorcionista de circo, mais parecia um trapezista no alto do arame, e chovia
chuva a chover num derrame que só visto.
Chover chover chover era o que mais lhe dava prazer.
O SABOGAS parecia um pintainho saído do ovo ainda no ninho,
uma desolação, cortava o coração. Mas o seu pelo molhado, o desengonçado
cheirava mesmo a cão. O CANOCHINHA encharcado da cabeça aos pés, dava passos de
lés-a-lés para chegar rapidamente a casa, trocar de roupa e secar o cabelo para
não apanhar um resfriado, o pobre coitado não conseguira impedir a nuvem FOFURA
de chorar a rir e parar com aquela loucura de fazer o dia ficar noite e ainda
por cima, chover em cima da sua ternura o SABOGAS.
Mas o CANOCHINHA malandro, agarrou o globo da terra e virou-o
ao contrário, fazendo a noite ficar dia, o sol brilhou por detrás da serra, e
do outro lado da terra ficou noite. Com isso atrapalhou as nuvens todas, que já
não sabiam se haviam de chover ou deixar-se levar com o vento, e nesta
trapalhada, a terra por debaixo das nuvens, as nuvens por cima da terra, as
pessoas começaram a cair das nuvens para o chão, a todo momento pum, lá caía
mais um! E que grande trambolhão!
Agora era o miúdo traquina mais a fofura canina que desatavam
a rirrrrr…
Mas não se deve rir do mal dos outros. Nem por fazer
diabruras, malandrices e loucuras, pois aos poucos ganha-se fama, de que se é
muito traquinas e os meninos e as meninas devem ser bem comportados, e não
mal-intencionados, pois quem ama ensina, ensinando a amar comportar-se bem,
ganha-se mil beijos da mãe, que nunca se cansa de nos beijar!
anabarbarasantoantonio
fim
(esta história tem sempre que terminar com um grande
xi-coração da mãe ou do pai e trambolhões de beijinhos nas nuvens, e para
terminar doces sonhos para os meninos e meninas irem descansar!)
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