DOCE AMARGURA
Nunca te falei da amargura
Cansada das extremidades do silêncio sentir
Das membranas límpidas da ilusão
Pregos soltos da loucura
Os sentidos tábuas planas do caixão
A escuridão como tortura
A vida essas saliências a ferir
Amarga uterina a pele vestida
A claridade entristecida
Na morte o corte
A desilusão
Como dói essa dor sem marcas
Onde silencia olhar sem ver
E penitencia o querer
Lanhos farpas
De prazer
Esse pequeno gozo ao morrer
De amargurado silêncio ferido
O mesmo fel do gemido
A sangrar a alma por inteiro
Cansaço profundo
Vivo sentido
Derradeiro
Talvez o maior do mundo
A rasgar de intensidade
Suave corte a escorrer
O brilho húmido da claridade
Morte com olhos a chorar
E a vontade de perder
Enterrar a saudade
E o silêncio a gritar
Deixem me viver
Perdida amargura
Tão doce tão dura
...
musa
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