Para onde vais pedra que eu sinto
No encalço seguro do teu olhar
Todo este sentir que eu pressinto
Em pensamento pudera naufragar
Vaga tombada sobre pedra fria
A laje lavada lágrima salgada
Choro tombando em nostalgia
Onde me perco e sinto nada
Alma mar vaga sentir solidão
Rio profundo mar naufragado
Pedra túmulo ninfa escuridão
Onde o luto ficará fechado
O vento leva espuma maresia
Desencanto este me deixa assim
Sou verso pranto triste poesia
O poema lamento do meu fim
Se um dia os poetas me chorarem
Musa de olhar triste em desalento
E todos eles por mim derramarem
Lágrimas profundas desse sentimento
Serei eterna nos seus versos
Pedra esteio desse pensamento
Para além de todos os universos
Estrela sentir desse contentamento
Peito de areia seio de vida
Em marés de louco vaivém
Fico de olhar surpreendida
Como se avistasse alguém
Traz-me o mar sonhos lembranças
A cada vaga que se aproxima
Há um vaivém ondas de esperanças
A palavra certa para a rima
E o poema é um mar imenso
Num lugar que me faz sentir
Sei que é aqui que eu pertenço
Aqui chego e vou partir
E sempre volto a este lugar
De rimas soltas rimas desfeitas
O pensamento é como um mar
Na cama que fazes nela te deitas
Sentir sagrado salgado pensar
No areal que guardo no peito
Areia que escorre a soluçar
Onde durmo onde eu me deito
Praia perdida meu jeito de ser
O mar tenho nos olhos essa cor
Há todo um encanto a transparecer
Como se fosse ele meu único amor
Desfeitos os nós em sal puro doce
Estranho mar intenso e profundo
Aporta nele onde quer que fosse
Um porto de si lá no fim do mundo
O sol beija a areia quente e fina
Em lábios grãos humedecidos
O mar encrespa a sua crina
Dá lugar calor aos meus sentidos
E dentro de mim numa praia qualquer
Sinto-me a solidão em vaga agigantada
Corpo e alma sinto-me tão sal mulher
Em nudez vestida de espuma imaginada
Das águas salgadas todas desse mar
Escorrem doces águas olhos nascentes
As penas profundas neles vão naufragar
Agitados sentidos martírios inocentes
Lágrimas em dor de luto dobradas
Mantos silicatos de pedra salgada
São as minhas penas afundadas
Na maresia ao vento espalhada
Leva-as o vento em ternos abraços
Onde o sol tardio teima em nascer
Tombam as ondas crinas em laços
No olhar sombrio quase a morrer
…
musa
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