sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PÓ DOS OSSOS


Pergunta ao pó
As lágrimas destiladas
Em forma de nó
No açúcar dos rios no sal do mar
No carvão das montanhas
No algodão das savanas
Nas chuvas e no nevar
E o frio que sacode o olhar
Das peles moribundas das raças
Da lama que seca a estalar
Do calor que atrai as traças
Rompendo tramas do tear

Pergunta ao pó
Onde ficam as sombras do passado
As formas incorruptas do sentir
Pergunta nas marcas deixadas ao acaso
O pó imperfeito do florir
Linhas traçadas do omitir
Rugas nas mãos fechadas a consentir
Todas as perguntas que possas imaginar

Pergunta ao pó
Na poeira dos caminhos incumpridos
Por onde te deixas vagabundear
Carregando alfobres de sentidos
O pó dos tempos cobrindo caminhar
Inconfessáveis sentimentos já vencidos
No pensar dos silêncios já perdidos
Em todas as lágrimas que possas chorar
O pó rude dos ossos carcomidos
Depois que te forem a enterrar
musa

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