domingo, 4 de dezembro de 2011

À MINHA MÃE


Mãe… queria fazer-te um poema
Onde coubera um prado de intenso sentir
Perfume de rosas violetas e alfazema
Feno margaridas papoilas e um sol a florir
Com flores de orvalhado sangue derramado
E eu nascendo sem te ter que te pedir
A dor do medo no teu peito sufocado
Enquanto na demora moías teu esgrimir
Num segredo guardado lá no quarto
Verde relva recebendo águas do parto
E o choro que tu deixavas consentir

Queria dar-te Mãe
Palavras com aromas silvestres
Perfumado amor em verde prado fantasia
Do chão que no tempo horas rudes e agrestes
Ergueu raízes profundas de amor à poesia
E do teu sangue partilhado doces vestes
A alma e o corpo em sentida agonia
Demora a sombra dos aciprestes
Onde a noite quer ser dia

Dar-te o poema… quero pois minha Mãe
Versejando meu sofrido nascer
Em versos que festejam também
Toda esta alegria de viver

E do teu parto doloroso e demorado
Sobraram as palavras feitas poesia
Fui eu que te dei o nome de Mãe
E dentro de mim ficou guardado
O teu sorriso iluminando de harmonia
Que toda a mulher na hora do parto tem
musa

1 comentário:

Teresa Teixeira disse...

Lindo, como lindas só podem ser as palavras de uma filha... poeta desde o nascer.