Guarda o seu ninho no
negro telhado
Pia amargurada um choro
de gente
Como um menino dum colo
roubado
Levaram-lhe os filhos
sem explicação
Que dor é ouvir seu
triste gemer
Quando a noite desce
fria solidão
Estranho é seu canto
parece morrer
Vazios seus olhos
brilham noite escura
Sobre o telhado que não
quer deixar
Pia desgraçada sua
desventura
Pede os seus filhos que
vieram roubar
Pia abandonada inerte
como um farol
Morre de fome e sede de
boa vontade
Ao vento ao frio à
chuva e ao sol
Pia tristemente de dor
e de saudade
Já ninguém a vê sobre o
alto telhado
Todos a procuram com o
mesmo olhar
Mas juram ouvir seu pio
cansado
Decerto morreu de tanto chorar
…
musa
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