domingo, 14 de setembro de 2008

Corpos de palavras


quero escrever-te de palavras
de memórias de cidades feitas de ti
um tempo que nos chegou sem pressa
teu corpo inteiro e submisso
somente para mim
a dar-me tanto e eu a querer
ser nas tuas mãos só a promessa
ser no teu olhar apenas o esquiço
de tão estranha tela feita por fazer
tão frio esse risco a negro ausente
tantos os desenhos pintados no meu dorso
tão cheia de cores desvanecidas a diluente
de tudo o que pintaste a leve esboço
riscos e palavras que falam do teu ser
traços misturados de contradições
corpos unidos só por prazer
o mesmo querer as mesmas paixões
a força pedida intacta num entardecer
quero ter-te de palavras escrito assim
em frases de momentos repartidos
agora que já és parte de mim
agora que me estás em todos os sentidos
que vou eu fazer destas palavras
que vou eu fazer de toda esta ânsia
de todos os momentos já vividos
kramer contra kramer nessa instãncia
os teus gestos de amor em mim escondidos
em forma cor sabor e substãncia
com que marcas território no meu corpo feito
a amares-me assim toda na tua boca desse jeito
sou eu de palavras esculpida
a dar-me toda por ti por tudo
o corpo o ser a alma assim despida
desnuda em tuas mãos por absurdo
em todos os lugares onde existires
na terra no chão nas cidades no teu leito
e ser surpreendida por teus beijos de paixão
sou eu entregue és tu a sentires
fraqueza tremura emoção
meu corpo pulsando no teu peito
quando te entregas de mão dada pela vida
na cama que é tua onde eu me deito
por ti por tudo tão sentida
entregue sem razão
loucura por ti sem fim
com que me deleito
perdida
de paixão
assim

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