quarta-feira, 3 de maio de 2017

AO ESCULTOR


AO ESCULTOR

Procura no barro a boca emudecida
No bisturi os beijos cortantes
Os pecados dos amantes
Os cortes delirantes
Da amálgama da paixão tecida
A pele da imaginação moldada
A sôfrega boca estilizada
No barro aprendida
A criação da vida
Imaginada

Procura no barro os segredos
O fel da terra escondido
O mel da água do sentido
Procura decifrar entre os dedos
Das lágrimas com que moldas a tortura
Sem saber formas com que a esculpida ternura
Abraça o barro ferido
E solta o grito da boca desenhada
O canto ressequido
No buril prisioneiro
Nos lábios a palavra encarcerada
Que o escultor carcereiro
Desfolha do barro como um livro aberto
Liberta um mistério secreto
Transforma o lodo mais carnal
De gestos iluminando
A misteriosa criatura
Como um deus talhando
De barro a loucura
Sentimental
...
musa

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