DESPEDIDA
Vim para
te dizer que não volto mais
Não há
tempo para subir as escadas sem a tua mão
E abrir
da luz a janela na meiga obscuridade
Os sons
de silêncio perdidos na melodia dos pardais
Que
entoam saudade na solitude da paixão
E afagam
de prazer lençóis húmidos de intimidade
Vim para
te dizer com olhos que ferem o escuro
A nudez
pelo chão na cama despida
A timidez
que enlouquece o desejo puro
A
melancolia sentida
O
desgosto impuro
A
despedida
Vim para
te dizer que acaba aqui o que nada foi
As rugas
do sangue gélido e estremecido
Um fio de
cor na brancura do leito
A pele
apertada e fria que arde e que dói
O orgulho
sangrado e ferido
O amor
imperfeito
O reverso
de um adeus murmurado
Dito
assim parece promessa sem sentido
O corpo
inteiro apunhalado
Partir é
uma traição eu sei
Mas
preciso ir embora
Já muito
de mim eu te dei
Já fiquei
tempo de mais
Nesta dor
que se demora
No canto
pranto dos pardais
...
musa
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