VELUDO E
SOMBRA
A Vida.
Passa
indiferente
Ao desejo
que nos corrompe,
E, tonta,
desdenha do fogo consumido
Em
tórridas cópulas,
Forjadas
em candentes devaneios,
Na frágua
da nossa imaginação...
Passa
fútil, a Vida,
E leva
para longe o cheiro
Intenso
do sexo que fizemos
às
escondidas de nós.
Passa,
soberba,
E não se
detém nas hesitações
Que nos
tolhem
Os
passos, infimos,
Que nos
separam...
Quase que
te toco,
Vida,
E te
Sinto...
Quero-te!
A.
Quero-te
Guardador
do vento
Em
planícies de lua cheia
Onde a
solidão pernoita
Sonhadora
feérica
No pasto
dos versos
As
palavras despontadas
Botões
por florir
Rebentos
nus
Histórias
contadas
Ao
anoitecer
Deixa
rasto da noite delicada
Veludo e
sombra por tecer
Em seda
adamascada
Um fio
inteiro de prazer
Da
folhagem do arvoredo
O lábio
húmido da ventania
O peito
incendiado
O fogo
lento
Quase
entre nós um segredo
Feito de
silencio e de tempo
Enfim um
beijo de amor
E o teu
desejo
Ainda
Trespassa-me
a luz do poema
Um
firmamento em ardor
Uma noite
que não finda
Comunhão
de sentidos
E a
vontade das hesitações
Os sonhos
perdidos
As loucas
paixões
O vicio
dos amantes
Que nos
tocam tolhem separam
As
promessas distantes
Que em
vida ficaram
Aveludado
sombreado
Num
sentir enamorado
...
musa
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