terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O DIA DA MEMÓRIA

DIA DA MEMORIA

Não esquecerei os vossos rostos
O vazio do olhar que nunca vi
Os vossos trajes trapos rotos
Nunca esquecerei o que senti
Quando o dia da memória
Se fez eterno na história
Que um dia aprendi

Trago por dentro o arame farpado
O odor das sombras esquecidas
As cinzas do lago manchado
De memórias de vidas

Se me deixarem ainda chorar
O silêncio colectivo das câmaras cinzentas
Talvez por dentro eu possa perdoar
As lágrimas esbotadas pardacentas
Das riscas que o tempo há-de apagar
Nas fotografias bafientas
Que guardam o cheiro imperfeito
No âmago dolorido do peito
Duramente sentido
Jamais esquecido
Esmaecido desfeito
Por recordar

Ainda há tantas cinzas sem nome
No dia que chega ao fim
Se isto é um homem
O que dirão de mim
Que palavras podem mutilar o poema
Onde o verso sublima a heresia
Dessa caminhada serena
De que se faz a poesia
...

musa

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