As
águas gélidas do rio
Fumegavam
neblinas vapores
As
mãos rebentavam ao frio
Eram
mais as ilusões que as dores
O
tempo imolava o silêncio sombrio
Na
corrente tumultuosa invernia
As
mulheres lavavam as tripas com sabedoria
Sem
ter tempo de ler o que o futuro ditava
O
fumeiro sobre as brasas esperava
Havia
uma pitonisa no olhar do poema
Que
de ancestral saber cogitava
Uma
deusa negra envolta de luz
Um
esgar de serenidade no sentir
A
loucura mística de uma lua terrena
Que
de palavras seduz
A
noite a querer existir
Na
margem do rio serena
Há
fumos vapores gritos a eclodir
Madrugada
lírica amanhece esfria
Poemas
feitos de mãos e palavras
Mulheres
com alma empedernida em fogo fráguas
Por
entre as águas a lavar as tripas sem as ler
De
um passado esquecido por escrever
Havia
entre as mãos luz doce distante inverno
Talvez
sem saber ainda um destino eterno
Que
em poesia se fez acontecer
...
musa
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