DIA
DA MEMORIA
Não
esquecerei os vossos rostos
O
vazio do olhar que nunca vi
Os
vossos trajes trapos rotos
Nunca
esquecerei o que senti
Quando
o dia da memória
Se
fez eterno na história
Que
um dia aprendi
Trago
por dentro o arame farpado
O
odor das sombras esquecidas
As
cinzas do lago manchado
De
memórias de vidas
Se
me deixarem ainda chorar
O
silêncio colectivo das câmaras cinzentas
Talvez
por dentro eu possa perdoar
As
lágrimas esbotadas pardacentas
Das
riscas que o tempo há-de apagar
Nas
fotografias bafientas
Que
guardam o cheiro imperfeito
No
âmago dolorido do peito
Duramente
sentido
Jamais
esquecido
Esmaecido
desfeito
Por
recordar
Ainda
há tantas cinzas sem nome
No
dia que chega ao fim
Se
isto é um homem
O
que dirão de mim
Que
palavras podem mutilar o poema
Onde
o verso sublima a heresia
Dessa
caminhada serena
De
que se faz a poesia
...
musa