sexta-feira, 13 de setembro de 2013

QUANTO MAIS AMOR MAIS DESISTÊNCIA - Homenagem a NATÁLIA CORREIA

QUANTO MAIS AMADA MAIS DESISTO

De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Natália Correia, in "O Dilúvio e a Pomba"

QUANTO MAIS AMOR MAIS DESISTÊNCIA

De amor nada mais resta que Dezembro
Adormecida amada em sentida existência
Quantas as palavras de que ainda lembro
Quanto mais sentir amor mais desistência

No enleio deslumbrada flor oculto existir
Frio inverno de uma estação por inventar
Sol iluminado em corpo místico a proibir
Amor maior que por dentro possa guardar

Desisto não me acordes estou morta este inverno
Morri dos teus beijos na desilusão desse olhar eterno
Nem teus abraços amantes me demovem de o ser

Nuvem carregada de lágrimas tristes por chorar
Terra fogo carne e alma com o frio a trespassar
O tanto que com as mãos me dás de dócil prazer

musa

1 comentário:

Aquarela disse...

que nunca o amor seja demais... que nunca a insistência seja de menos, que nunca te falte a palavra amor, na tua vida, mas se faltar que nunca morra o sentimento!

beijo