domingo, 2 de setembro de 2012

HÁ UMA MUSA ENCANTADA DENTRO DO POEMA


DUETO com João Raimundo Gonçalves

HÁ UMA MUSA ENCANTADA DENTRO DO POEMA!!!


Transportam amazonas de tão longe
Dos Matriarcais infinitos
Céleres, porque o tempo urge

Doces amazonas musas de crinas ao vento

Trazem do mar segredos
Inspiram pensamentos de além alma
Doces crinas de musas ao vento

E o vento rouba do trote salpicos de poemas em cascos de sentidos

Ninfas envoltas em espuma
De onde vêm? Da pradaria abissal? Da memória do mar?

De gastas caminhadas em profundos oceanos
Como se mar fossem trilhos profanos onde poema erguesse altar

O poema ergue-se na espiral do vento
No corpo das musas o sangue fervilha
Há uma poetisa linda no fino areal

Cavalo transfigurado é o poeta manso em ventania de sentir
Vestindo as musas de encanto em manto de areias humedecidas
De doce mar a refulgir
Nas mãos do vento consentidas

E um sorriso nos lábios de esperança
Na maviosa lucidez da claridade rósea
Sente-se o cheiro do sal da maresia na pele sedosa

Cavalgar docilidade na embriaguez dança
Das águas frias no dorso do vento
Onde as tempestades murmuram poesia nos lábios das Nereidas

Ou Tágides de algas coladas no suor dos corpos
Resfolegando o cavalo suspirando a deusa em seus suores

Sagrada devoção prece de amor perdidos amores
Resfolgar de maresias silvam as rochas selvagens
Prantos poéticos de deusas suspirando palavras
Onde ainda se ouvem os cavalos do tempo

Atravessaram milénios de história
Travaram batalhas de perfumadas flores
Ouviram a canção do mar, e era amor o que traziam

Sereias seriam
Ouvem-se cantos de guerra na costa de murmúrios
À rédea solta na bruma em cachos de sentidos
Algas e conchas perpetuam o altar

São rumores nas abas do vento
Cantam memórias nos versos gritados
E grinaldas de tempo a voar
Não vão parar mais até serem coroadas de desejo

Inglória deslealdade no grito despedaçado verso beijo
Cavalgando saudade das profundezas do mar em atlântida sinfonia de solidão
Emergem nuvens salgadas de pura sedução

Há um sentir voluptuoso no toque dos corpos
Um abraço sem pudor e solitário
Na construção do poema feito de mel e sal

Acendem-se as águas fugidias das marés
O fumo do fogo do tempo encobre a lua

Chispam fulgores dos olhos absurdos tapados com vendas
Salpicos de lágrimas ou fluidos das almas
Na ardência da lua sobre as águas

Adormecem no felpo das crinas salgadas
Olhares empastados de choro
Em despertadas emoções de sal e mel
No lugre perdido ao luar

Ah! Voltaste e já são duas as Valquírias
Cavalgando na madrugada dos sonhos
Andam beijos sob a lua a adejar

Alar silenciado por entre fragmentos mar espalhado na orla dos sonhos
Era o cansaço mais leve do que o vento adormecendo madrugar
E os passos do pensamento

Romperam pela madrugada
Sob o ar quente deixado no interior da noite
Cavalo e amazona são agora recortes
Amantes do vento trazem novas doutro tempo

Despertada sinfonia sobre as águas pisadas salpicos de gritos ecoam areal
A praia embala o silêncio da caminhada do sentir
Em tão doce partilha abissal

É a canção do mar
Na rebentação das ondas que ecoam bramosas
Enche a maré contra a rota do sol
E a linha do horizonte torna-se bruma

Em ondas de pautas
Em seda de marés vivas
Em vagas musicais uma a uma
Na leda madrugada rosa em brancura e loucura esquivas
Corre a formosa amazona por entre brumas perdidas

Duas forças gigantes dó ré mi fá só lá si
Emergindo dos abismos do mar
Num vestido carnal de sensualidade mulher
No todo que há em ti

Um peito de sal e solidão e a força guerreira do pensamento
Carne e sentidos cavalgando emoções

Havia uma multidão de gente à tua espera na praia húmida de emoções
Que gritaram vivas e lançaram foguetes
Fizeram-te deusa musa inteira

Havia um areal prenhe de sentidos esperando hora de um parto por acontecer
Vertiam-se as águas dos corpos humedecidos
De correrias contra o vento estalando a pele de prazer

Era tão só uma mulher
Verticalizada imune à tempestade
E um cavalo alazão extenuado
Que o vento ancestral nela fecundara
O embrião do tempo que faltava
O todo o seu sentir procurado

Era a guelra do cio húmida e sangrenta a latejar de vida
Sopro macho do tempo num latido emocional de marítima gestação

Havia fogo nos olhos da musa prenhe
E água que baste para lavrar a emoção
Havia o vento tantas vezes aqui dito
E aterra firme do seu ventre de mulher
No lodo da lama escrito

Era a brecha desfeita na enseada da pele do peito tisnada de sol
A quietude escutando tempo e o ventre pulsando a fome de novas cavalgadas

Trouxeram-te rosas e flores pintadas de mil cores
Leito perfeito para parir amor ao sol nascer
E águas perfumadas de odores selvagens

Esperou o tempo soltar-se crepúsculo em magenta tarde perfumada
Rompendo-se o silêncio em intimidade sangrada
Tao só um grito feito pôr-do-sol para lá do horizonte

Mas não havia mais como tardar o cavalo exausto
Já tocam vindas do mar troantes trombetas com notas titubeantes
De sol a soletrar

Apoteose florida das trevas em derramada magia
Luz nascente rompe nubente cair da noite num véu de estrelas
Faz-se o sentir poesia
musa & João Raimundo Gonçalves

Ana Conceição Bernardo / ana barbara santo antonio – musa & João Raimundo Gonçalves

1 comentário:

tem a palavra o povo disse...

Olá Ana ou musa encantada dentro do poema...releio com emoção este evoluir dos versos a instantes, vertidos das almas dum homem e duma mulher comprometidos de e com a poesia...e encanto-me da beleza deste espaço que criaste com amor e carinho...humilde na sua grandeza física...orgulhoso de ter acontecido...um abraço...um beijinho e sorrisos poéticos, amiga...jrg