domingo, 2 de setembro de 2012

MAR INTERIOR


Morreu em Paris o compositor Emmanuel Nunes
Foi Prémio Pessoa em 2000 e vencedor do prémio Composição da Unesco em 1999
A minha sentida Homenagem

MAR INTERIOR

Hoje não há música nos meus dedos
Calaram-se os pianos nos salões
As pautas guardaram segredos
Para lá dos porões da alma
Misteriosa e calma
Hoje não há a melodia
Trinando nos corações
Nem se ouve a sinfonia
Ou a menina tendo lições
No triste piano da sala
Onde aprende a tocar
Para um dia musicar
Ou abrilhantar a gala
Do último suspiro
Do mestre

Hoje o mar ficou agreste silenciado
Num último suspiro pronunciado
Deixou de se ouvir o terno piano
Partiu para sempre ao desengano
O compositor galardoado

Hoje abri portas e janelas
Deixei o mar entrar
Para o ouvir sussurrar
A canção do adeus
E o mar entrando por elas
Como as lágrimas nos olhos meus

Inundou-se o salão com o canto das ondas
Ouvindo-se o resfolgar nas pedras
Bravio rufar das rondas
Por caminhos feitos de sal e trevas
Como se murmúrios fossem teus

Partiu o doce compositor
De tantas melodias progenitor
Além das vagas mansas
Do mar que inunda o ser
Em pautas de esperanças
Na luz veio a morrer
musa

1 comentário:

Odete Ferreira disse...

Lindíssimo, amigo!

Bjo :)