segunda-feira, 12 de março de 2012

A QUE SABEM OS SONHOS PAI


























Meu Pai
Os meus sonhos
Sabem a palavras
Temperados de sentidos
Os meus sonhos sabem a entendimento
Sabem a instantes adormecidos
Fugaz tempo de despreendimento
Com tempero de sentimentos
Sabem a pensamentos
Feitos de amor
Sabem a mel
Suave odor
Cheiros
Sabor
Pai

Um dia ensinaste-me a sonhar
Adormecida no teu regaço
Ouvindo canções de embalar
No teu colo o meu cansaço
A mão no meu cabelo acarinhar
Num confortável e terno abraço
Assim aprendi o sabor do verbo amar
Como um bando de aves a esvoaçar

Sabes Pai
A noite e as estrelas têm o brilho do teu olhar
Têm a poeira de tardes a beira-mar
Têm o murmurar das folhas ao vento
Têm o peso das nuvens aos pés
Têm o tempo do tempo
Gaivotas pousadas no convés
De uma caravela do silêncio
E esse nunca se cansar
De ter-te a ti
Pai

Ter-te em constelações de sonhos doces
Nebulosas de vendavais de fantasias
Um dia queria que fosses
A mais doce das iguarias
O mais doce sonho
Com pó de açúcar e canela
Cheiro a baunilha
Uma linda caravela
Em rumo solitário a uma ilha
Húmido como as lágrimas quentes
Que rolam na face da tristeza
E com o avançar da idade tu já sentes
Essa meiga e sensata certeza
De que por mais que ensines a tua filha
Os sonhos que se aprendem a sonhar
Mesmo aqueles feitos de palavras
Temperados de saudosas lágrimas
Um dia… um dia terão que acabar
musa

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