No alvorecer
Ternas lembranças
Ternas lembranças
Nunca te disse
Doces esperanças
Meigo prazer
Que a vida prende
Que o sonho atende
Que a poesia surpreende
Tantas vezes o ser
Toco cambraias de sentidos
Presos nos ramos do pensamento
Na trama da alma em movimento
Palavras em fios desprendidos
Dizem tudo em sentimento
Alma a florescer
Sem tempo
Nunca te disse
Nem nunca te contei
Mas posso dizer
Que de versos bordei
Finos tecidos
A ponto de sentidos
Com linha do ser
Sentada na soleira da palavra
Ponto a ponto a coser
De bastidor na mão
Poema cheio crivo de mágoa
Tentando entender
Como nunca te disse
Que bordo a solidão
Numa reinvenção
Em ponto de poesia
Trabalho de artífice
Que dignifica a fantasia
De assim ser
Como te ocultei
Todo este sentir
E nunca pude admitir
Que pela poesia me apaixonei
E toda ela tomou conta do meu ser
E ainda que não possas
compreender
Jamais o neguei
Nunca te disse
Nunca te mostrei
Dos meus dedos doridos
Das minhas mãos empedernidas
Dos meus olhos humedecidos
Das minhas lides esquecidas
Nesta paixão cúmplice
Linhas de tantas vidas
Que trago da meninice
Nunca te disse
Eu sei
Mas agora que te contei
Quero-te dizer
Agora te conto
Para que me possas ver
Onde ponto a ponto
Me bordei
O Ser
…
musa
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