sexta-feira, 30 de março de 2012

AO MEU PAI gratidão de existir


Nem sempre entendemos todas as palavras
Sopros murmúrios brisas do vento toadas
Súbito arrebatamento por cumprir
Esquecidas todas as mágoas
Na gratidão de existir

Ensinamentos ainda que parcos
Ecoando como firmes passos
Flechas disparadas de arcos
Esculpindo do teu rosto traços
Que ficam na memória do sentir
Todas essas palavras por admitir

Nem sempre falamos do que amamos
Vacila-nos a coragem leve desalento
E em todo verso nos afirmamos
A cada palavra vil lamento

Ao meu Pai confesso dele não sei falar
Esteio amarra vínculo de todo meu ser
Aprendi pela vida outra nobreza de amar
Os passos do silêncio a transparecer

E em silenciado amor sempre me contive
No receio de palavras ainda por inventar
No respeito e na gratidão com ele estive
Reconhecendo afetos ainda por alcançar

Das palavras que não lhe tenho perdão
Omito consentida essa humedecida secura
Viverei o tempo em horas de solidão
A lembrar quanto fui fiel à terrível loucura

Essa desvairada de omisso sentimento
Que fica vadiando pela lembrança
Da existência do Pai um pensamento
Que me acompanha desde criança

Por toda a sua vida lhe agradeço
Parcas as palavras que assim lhe confio
Toda a compreensão que ainda lhe mereço
No sentir de gratidão a vida por um fio

Mais do que um Pai amigo e presente
Por todos os sacrifícios a não esquecer
Peço talvez perdão pelas vezes ausente
Das horas que perdi no seu silenciado viver
musa

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