VERSOS DE INSÓNIA
Voltam as naus de confins adormecidos
E a noite é de vigília e desespero
E o leito mar revolto e insincero
De promessas e de perdões concedidos
E na negra escuridão sentinela
Do vão das escadas ao sótão no telhado
Abrem-se portas e cerra-se a janela
Que a alma do que morre encontre o passado
Rangem soalhos e há brechas nas paredes
E caves escuras de medos encerrados
E leitos de rios esperando redes
E chãos revolvidos de corpos enterrados
Ao longe falésias abrigam faróis
Cintilam no breu de cílios cansados
Os olhos tristes da luz de mil sóis
Esmorecem no céu como fetos pisados
Parecem crinas ao vento
Penachos que a brisa agita
Barcos guiados no firmamento
Que a noite como fera conquista
O sono que não vem ou já não quer vir
Tarde se fez para agora adormecer
E a poesia que se faz sentir
Pede em insónia que se possa escrever
...
musa
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