GRITOS
Há
pessoas que nasceram para não serem
Vagueiam
como uma ferida por curar
A
vida por sarar em pustulenta cicatriz
Pessoas
que ao olhá-las ferem
A
intimidade sangrenta infeliz
Da
podridão sociedade
A
solidão da cidade
Olhos
fechados
Que
não condiz
Essa
realidade
Do
sentir
Os
tempos conspurcados
De
miséria dor infelicidade
Que
todos parecem consentir
Dias
desumanizados
A
mentira pura verdade
Uma
lágrima a sorrir
Um
tempo sem idade
Para
viver humano
Que
queima arde até ferir
E
por mais estranho
Que
seja a alegria pobre
Nada
mais resta ou sobre
Desse
sentir tamanho
Injusto
imperfeito
Que
agonie o peito
De
tão leviano
Mundano
Bichos
com olhos de gente
Enredados
pelos cantos das esquinas da rua
Que
tantos temem que tantos não sentem
Nos
vãos das escadas nas entradas
Ao
sol à chuva ao vento ao frio ou sob a lua
Feitos
amontoados de pequenos nadas
Debaixo
das pontes sem horizontes
Despojados
famintos fantasmas vivos
Sem
fronteiras de afectos sem trincheiras ou pontes
Que
unam e desamarrem gritos de sentidos
Na
dignidade da vida
Enaltecendo
o ser
E
não se sintam perdidos
Com
vontade de morrer
...
musa
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