as lágrimas dos teus olhos a
sorrir
por onde anda a brisa do sentir
derrapando a última curva
antes de ser verso
e o vento varrendo de estrelas o
universo
a chuva luminosa de Aquáridas ou
Leónidas
mostrando da luz o reverso
céu de fogo carmim
meteoros caindo
ou o teu olhar sorrindo
para mim
...
musa
a folhagem do Outono explode em
pequenos ladrilhos
mas tu ainda vens com o último
quimono de Verão
da esplanada onde te encontras
avistas a ondulação
esfarelada dos navios
os teus cabelos como ulmeiros
estendem um abrigo
para o dueto mudo das caricías
a.s
há na ondulação dos teus olhos
descobertos
o brilho dos espelhos ladrilhados
milhões de reflexos do prateado das
vagas
a emoção de bailados secretos
sonhos desfraldados
memórias amargas
no encadeado da luz outonal
entre as cores adormecidas
o Verão nunca mais será igual
no embalo agitado das nossas
vidas
...
musa
moro aqui
página em branco
trincheira inútil
imaginando-te a transpor
o muro alto das palavras
moro aqui
emboscado
tentando salvar
remendos de um futuro às escuras
os olhos pesam
os joelhos tremem
as portas estão trancadas
rapta-me
a.s
no vazio das tuas páginas deixo-me
ser
morada aberta em cais nenhum
nas tuas mãos de sal a tremer
a trincheira onde um a um
os teus sonhos pescam a sonhar
um barco entre vagas a adormecer
onde as palavras vão navegar
dos teus sonhos que pescas a
sonhar
nas páginas em branco por
escrever
...
musa
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