UM TANGO
Nessa tarde triste um tango insiste
Venho de uma viagem sem saber
Numa melodia que resiste
A tímida melancolia por escrever
Trago te o meu corpo cansado
Tão vivo do que já vivi
Um filme antigo a cores do passado
Recordando contigo o que ainda não esqueci
Corpo liquido néctar de sentir
Fluídos em película prata de mãos
Sensíveis silêncios de pressentir
Sentidos em traços pagãos
Prece em fogo ritual
A pele a tela carnal
Moldada no sopro de um beijo
Silhueta sombra súplica divinal
A soberana criação do desejo
Talvez o tempo em fantasia
Uma dança chamamento
Um grito em movimento
Um tratado de poesia
Um delírio ou lamento
Um corpo para abraçar
Quero dançar
Um tango
No teu ombro
Omara está cantando
O corpo a imaginar
Uma cidade em silêncio
A folhagem pelo chão
A luminosidade suplicando
Fímbrias negras do olhar
O negro azul da solidão
Apetece cantar
Divagando
...
musa
PENAS DA ALMA PARA A MÃO - papiro editora TEU CANCRO MEU - papiro editora RUSSA A BURRINHA TECEDEIRA - papiro editora À FLOR DA PELE DOS SENTIDOS DA ALMA - pastelaria studios editora
domingo, 30 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
BALADA DO DESAFECTO
BALADA DO DESAFECTO
Talvez quando eu morra
Chores
Não de saudade
Nem de amor
E no pranto te demores
Tantas lágrimas como flores
Tanta tristeza tanta dor
A beleza eternidade
Talvez quando eu morra
Possas gritar
A voz dorida amargo sabor
Choro profundo infelicidade
A alma sentida ávido torpor
O corpo todo a latejar
Talvez quando eu morra
Possas chorar
Não de amor mas de afeição
E a terra toda há-de calar
Em pranto triste a solidão
Talvez quando eu morra
Possas saber
O que sentias por mim
O que guardavas sem dizer
Como me amavas assim
Por dentro ferido desfeito
Talvez já a morrer
Talvez perto do fim
Libertes o amor no teu peito
Silêncio sentido imperfeito
Um travo azedo carmim
Com as lágrimas a escorrer
E pálida quieta no leito
Como flor a fenecer
Talvez eu saiba a verdade
Talvez seja só a saudade
Talvez o desafecto intimidade
A vida possa esconder
Que morra dentro o sentir
Sem nunca o admitir
Sem nunca entender
Esta dura realidade
…
musa
SE JÁ TE ESQUECI
SE JÁ TE ESQUECI?
A tarde arrasta a sua languidez
Devassa manhã que se apressa
A hora oportuna talvez
Porque ao esquecer recomeça
Tudo outra vez
Se já te esqueci
Os dias todos repetidos
O tempo de todos os sentidos
E a crucial insensatez
Do que senti
A vaga esperança de coisa nenhuma
A névoa mansa no seu caminhar
As saudades que já fingi
As lágrimas uma a uma
A humedecer olhar
A ficar aqui
…
musa
ÍGNEO VERSO
ÍGNEO VERSO
Eruptiva a palavra
Da cor do fogo
Inflamável
Derrete
Ignescência
Esquálida
Faminta
Imutável
Rubia essência
Da pedra
Poema
Promete
Magmática
Cristalização
Mineral
Poesia
…
musa
VOTO DE SILÊNCIO
VOTO DE SILÊNCIO
Um gesto um jogo um grito
Um voto de silêncio mais
Um instante um sopro um rito
Adagas espadas punhais
O voo dilacerante
Da sagrada hesitação
A espera cortante
Do uivo solidão
Dos sentidos
Os rituais pagãos
Breves silenciosos
Dolentes gemidos
Em ambas as mãos
Escrava a arte da loucura
Os olhos tão ciosos
De meiga ternura
Escondidos
Ferem vacilantes
Deitados ao chão perdidos
Quase fechados quase distantes
Quase rendidos
…
musa
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
AMOR INCERTO
AMOR INCERTO
Não esqueci o amor na inquieta paixão
Do silêncio súbita ausência por viver
Estremecimento de pele e sentidos nessa ilusão
Que o polme dos dedos agarra o nada em grito de prazer
E estende pelo tempo a saudade em espessura
A lembrança dos abraços na mortalha esquecimento
Como se maior fosse por dentro essa loucura
De sangrar em lágrimas a desdita em sentimento
Por ti consumado o amor carnal
Os poros do corpo todo inteiro amado
Amor arrebatado ferindo como afiado punhal
A golpe fundo no peito da mais vil tristeza
Que amar quem não nos ama até é pecado
Viver por viver e morrer na incerteza
...
musa
Não esqueci o amor na inquieta paixão
Do silêncio súbita ausência por viver
Estremecimento de pele e sentidos nessa ilusão
Que o polme dos dedos agarra o nada em grito de prazer
E estende pelo tempo a saudade em espessura
A lembrança dos abraços na mortalha esquecimento
Como se maior fosse por dentro essa loucura
De sangrar em lágrimas a desdita em sentimento
Por ti consumado o amor carnal
Os poros do corpo todo inteiro amado
Amor arrebatado ferindo como afiado punhal
A golpe fundo no peito da mais vil tristeza
Que amar quem não nos ama até é pecado
Viver por viver e morrer na incerteza
...
musa
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
AS PALAVRAS ENCONTREI AS POR AÍ
AS PALAVRAS
ENCONTREI AS POR AÍ
"não terei amado na vida muito
mais do que uma mulher.
não terei andado por todos os jardins
ou em todos os balouços onde
a relva crescia selvagem diante
do meu olhar espantado.
em tudo encontrei sempre as palavras
para descrever a cinza e o pó
que restam do jarro de flores que tocaste
pela última vez. desde a praia e através
do sol que nasce nos rochedos húmidos,
o amor terá habitado este coração
e este homem uma vez e só uma vez:
ao longe no bosque, o vento aquece e volta
à mulher que foste e que és,
mas que já não conheço se me perguntares.
pedro marques pinto"
Uma caravana de sentidos
Vagueiam ao longe do olhar
Sensações caladas
Silhuetas de palavras
Sonhos adormecidos
Sinais por revelar
Sons de baladas
Por inventar
O amor perdido
Ou talvez esquecido
Trémulo a palpitar
O poema revelador
Que na jarra a flor
Botão ressequido
Tomba o pó
Resta o odor
O liquido vivo
Na garganta o nó
Do sangue a palpitar
Qual baloiço em jardim
Ou lágrima a cair
Cinzas parte de mim
Ou metade do meu sentir
Onde me guardares
Em demorado esquecimento
À espera de perguntares:
- Onde encontraste as palavras?
Nas reticências de um lamento
As palavras encontrei-as por aí
Onde jamais te vi
Ou senti
Ou vivi
...
musa
ENCONTREI AS POR AÍ
"não terei amado na vida muito
mais do que uma mulher.
não terei andado por todos os jardins
ou em todos os balouços onde
a relva crescia selvagem diante
do meu olhar espantado.
em tudo encontrei sempre as palavras
para descrever a cinza e o pó
que restam do jarro de flores que tocaste
pela última vez. desde a praia e através
do sol que nasce nos rochedos húmidos,
o amor terá habitado este coração
e este homem uma vez e só uma vez:
ao longe no bosque, o vento aquece e volta
à mulher que foste e que és,
mas que já não conheço se me perguntares.
pedro marques pinto"
Uma caravana de sentidos
Vagueiam ao longe do olhar
Sensações caladas
Silhuetas de palavras
Sonhos adormecidos
Sinais por revelar
Sons de baladas
Por inventar
O amor perdido
Ou talvez esquecido
Trémulo a palpitar
O poema revelador
Que na jarra a flor
Botão ressequido
Tomba o pó
Resta o odor
O liquido vivo
Na garganta o nó
Do sangue a palpitar
Qual baloiço em jardim
Ou lágrima a cair
Cinzas parte de mim
Ou metade do meu sentir
Onde me guardares
Em demorado esquecimento
À espera de perguntares:
- Onde encontraste as palavras?
Nas reticências de um lamento
As palavras encontrei-as por aí
Onde jamais te vi
Ou senti
Ou vivi
...
musa
ALMA DE AREIA
ALMA DE AREIA
Cabia-lhe a alma
Na palma aberta da mão
As fragas o descanso
O liquido medo da solidão
O murmurar das águas sereno e manso
No virar da estação
A montanha mudava de cor
Enchia o corpo de cores térreas
Escorriam as águas férreas
O torpor e o remanso
As velhas nuances outonais
Silêncios do tempo
Chuvas do olhar
Curvas do vento diagonais
Errantes sentidos
Ao correr do mundo
As penas superficiais
Folhas soltas pelo chão
Bastava um sopro profundo
Um suspiro uns gemidos
Todo corpo se rendia
Toda a alma se
entregava
Aos areais humedecidos
Toda a noite voltava a ser dia
Todo grito se calava
Entre os dedos da mão fechada
Era um poema que escorria
Alma viva até ser água
...
musa
Cabia-lhe a alma
Na palma aberta da mão
As fragas o descanso
O liquido medo da solidão
O murmurar das águas sereno e manso
No virar da estação
A montanha mudava de cor
Enchia o corpo de cores térreas
Escorriam as águas férreas
O torpor e o remanso
As velhas nuances outonais
Silêncios do tempo
Chuvas do olhar
Curvas do vento diagonais
Errantes sentidos
Ao correr do mundo
As penas superficiais
Folhas soltas pelo chão
Bastava um sopro profundo
Um suspiro uns gemidos
Todo corpo se rendia
Toda a alma se
entregava
Aos areais humedecidos
Toda a noite voltava a ser dia
Todo grito se calava
Entre os dedos da mão fechada
Era um poema que escorria
Alma viva até ser água
...
musa
NEGAÇÃO
NEGAÇÃO
Não existes
Todo tempo morreste
És ausência
Ainda que memória persistes
Sentimental suspiro e desejo
Como quando apareceste
A loucura transparência
Do ávido querer
Num único beijo
O mítico prazer
Negação
A íntima questão
De te dizer
Onde andas que importa
O que sente este doido coração
Que vive a entristecer
E vadia do olhar à aorta
Peregrino da solidão
E nega dentro do peito
A leveza insana da vida
E vive de qualquer jeito
Na perfeição do imperfeito
De cabeça perdida
…
musa
NOSTALGIA OUTONAL
NOSTALGIA OUTONAL
No areal não há árvores a sombrear
Não há folhas pelo chão amarrotadas
Não há pássaros de ramo em ramo a esvoaçar
Não há águas de ribeiros sobressaltadas
No silêncio sentido nostalgia outonal
Há um tempo perdido crucial
Mudança se aquieta no berço dos frios
Em invernia transcendental
Os dias são sombrios
A luz incerta
Curtos nas horas e entristecidos
Aromas de fogo aceso nas lareiras
Leitos revoltosos nos rios
Dias de sol esquecidos
Mornas canseiras
Romãs dióspiros castanhas maçãs
Gostos de tantas maneiras
Cheiros de hortelãs
Odores sentir
A nostalgia do outono em cores
No olhar envelhecido existir
A lembrança de velhos amores
Em caídas folhas da vida
Uma saudade a consentir
Um abraço de despedida
…
musa
ESTOU CANSADA
ESTOU CANSADA
Este tempo de mudança
Do frenesim ao sossego
Saindo mansamente
O corpo dolente e ledo
Num passo da ultima dança
Abraça o nada e a lembrança
A loucura e o desassossego
Tomba em desespero
Absoluta rendição
Talvez o destempero
Desta maldita solidão
E abrupta a vida adormece
Como quem um filho embala
Ou nas mãos o fio tece
Ou nos lábios o grito cala
E rendida desfalece
Quase viva quase morta
Já pouco importa
...
musa
Este tempo de mudança
Do frenesim ao sossego
Saindo mansamente
O corpo dolente e ledo
Num passo da ultima dança
Abraça o nada e a lembrança
A loucura e o desassossego
Tomba em desespero
Absoluta rendição
Talvez o destempero
Desta maldita solidão
E abrupta a vida adormece
Como quem um filho embala
Ou nas mãos o fio tece
Ou nos lábios o grito cala
E rendida desfalece
Quase viva quase morta
Já pouco importa
...
musa
TÃO SÓ O FIM DO MUNDO
TÃO SÓ O FIM DO MUNDO
E por mais que meus olhos nada alcancem
A vastidão de ermos e outeiros em sentidos
A solidão de nos ter-mos assim esquecidos
Entre lágrimas e mágoas e sonhos dancem
Bruxas subam aos altares do sacrifício
Na pedra ritual dos mistérios antigos
E seja essa a forma a prece o vício
De talvez consumar perdões e castigos
E fiquem as marcas o testemunho vivo
Tão só o fim do mundo além das montanhas
Um tempo perpétuo nas pedras perdido
E quando lá voltares sintas o frio desassossego
No mais secreto silêncio dessas cousas estranhas
A deixar na alma um arrepio de profundo medo
…
musa
VERSO A VERSO
VERSO A VERSO
Ainda tenho o corpo todo teu
Mural com a doce assinatura
Beijos que a tua boca me deu
Em demorada húmida loucura
Na pele o calor desejo derretido
Mãos estrofes e doidos poemas
Por escrever versos e gemidos
Em palavras profundas serenas
E o abafado grito quando maior
A brevidade do beijo ou do afago
E o prazer imenso ao fazer amor
Verso a verso gozamos a intimidade
E o desejo reescrito nunca apago
Tão grande e intensa é a saudade
…
musa
terça-feira, 18 de outubro de 2016
OURIÇOS DE AMOR
“CURIOSIDADES
Em Portugal há alguns exemplares de castanheiros monumentais no distrito de Bragança, cujos troncos têm circunferências com cerca de 10 metros e as copas conseguem abrigar várias dezenas de pessoas. Trata-se de castanheiros centenários que parecem querer cumprir o dito do povo que diz que "um castanheiro leva 300 anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer".
Em Portugal há alguns exemplares de castanheiros monumentais no distrito de Bragança, cujos troncos têm circunferências com cerca de 10 metros e as copas conseguem abrigar várias dezenas de pessoas. Trata-se de castanheiros centenários que parecem querer cumprir o dito do povo que diz que "um castanheiro leva 300 anos a crescer, 300 a viver e 300 a morrer".
OURIÇOS DE AMOR
O vale em seu agasalho verde
Jóias caídas pelo chão
Ouriços de amor
O orvalho que mata a sede
Brilha luzidia solidão
No castanheiro ainda há flor
Um jardim florido silvestre
Espinhos que picam a mão
Por entre a folhagem lanceolada
A manta de retalhos campestre
Matiz de amarelos multicolor
Fendilha o tronco em seiva dourada
Abelhas em enxame atraem o odor
Do pé das folhas amentilhos em candeias
Iluminam os montes em ramagem
Cobrem a serra no seu esplendor
Luxúria campesina selvagem
Parecem castelos com suas ameias
Donzelas esperando cavaleiros em viagem
Soutos abrindo braços em cansaço
Árvores da mais singela eternidade
Ou trezentos anos a cumprir-lhes o sentir
Os castanhos de forte tonalidade
Rijos bravios agrestes como aço
Tal como os transmontanos no seu existir
De uma grandiosidade maior
São monumentos na paisagem
Guarda-jóias das terras do Sabor
Caixinhas de surpresas por abrir
Caixinhas de surpresas por abrir
Ouriços de dócil plumagem
Que picam sem ferir
…
musa
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