queres
um poema
no
colo das tuas pedras
no
convulsar das tuas águas
no
cume das tuas vagas
dos
meus olhos lustral
em
pia batismal
águas
serenas
paralisam
sentir
dorme
o verso
mar
universo
quer
existir
poesia
queres
um poema
das
águas do rio Jordão
em
ritual purificação
vento
escultor
vagas
esculpidas
espumas
destemidas
sal
e dor
elevam-se
do rio
que
mancha a poesia
de
um crepúsculo tardio
calandra
solta vendaval
traz
a noite ao dia
nas
águas puras
águas
escuras
nas
águas impuras
purifica-se
a poesia
do
poema desejo
do
vento e do mar
imortaliza-se
o beijo
diante
do meu olhar
queres
um poema
nos
meus olhos a grivar
as
palavras casco de navios
as
rochas humedecidas
pelas
marés a naufragar
de
musgos líquenes feridas
com
o sangue de todos os rios
que
ao seu leito vêm repousar
em
assoreado descanso
nesse
mar revoltoso e manso
navegam
poemas à deriva
em
olhar e maresia
vagueia
a palavra perdida
da
mais pura poesia
…
musa
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