ESPERA
Regressa amanhã
amor que hoje já não tenho tempo de te saudar.
Sou corpo
pedra templo do tempo dos dias da vida em que me despeço e fico a esperar que
passe a desolação.
Parte dos
dias com pressa de voltar e no regresso anunciado deixa as palavras presas ao
grito amordaçado pelas lágrimas da saudade e chora com a alma rasa de tristeza
as voltas que a vida dá nos ponteiros parados da inquietação.
Volta amanhã
amor do passado feito um dia das horas por cumprir segundos cheios de vontade e
o instante bloqueado por minutos emotivos e sombrios na nostalgia de sentir
somente a solidão.
Ah se
fosse só esse o teu desejo voltar.
Houvesse a
loucura de ir embora e na demora que perdura insistentemente a angustia
inquilina de momentos tímidos de melancolia e arduamente te deixasses em cada
partida e cada chegada trazendo parte de ti ao meu sentir-te assim sempre em
euforia desmedida.
Queria tanto
acreditar na vida. Acreditar em ti. Acreditar que voltas.
Fico em
cada palavra escrita juntando as pontas soltas como que à procura de uma
pontuação feita para a eternidade e na esperança de quem ainda acredita no teu
regresso olho além do tempo e dos sentidos e comemoro no expresso sentir que
regressas amanhã.
Vã saudade
e solidão confessas nesse existir que alcança a felicidade dada em nós do
sentir que derrama e aperta os parágrafos no espartilho das palavras por
escrever e deixa ousar e consentir o prazer de sonhar.
Regressa amor
que eu ainda estou aqui para a te esperar.
…
musa
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