“Se em declamar há amar, em matar
há atar. Por mais que queremos matar saudades, desatamos por atar a ilusão à
recordação.” MF
Temo tanto essa ilusão como tu. Declamo os atos sobrescritos de lembranças em saudades de um tempo que nos teve sem que soubéssemos guardá-lo inteiro dentro de nós e por isso não sei se sobrou alguma coisa que seja agora recordação.
Tivemo-nos de instantes em
lençóis desconhecidos mortos de desejo por fugazes memórias que contamos e
vivemos recordadas vidas que assim fizemos de suor e beijos.
E era no teu corpo que fazia
viver o passado. Despertando do dia em tom agreste e lento uma noite apetecida.
Adormecendo fim de tarde esfriado na pele amada e acalmando o desassossego das
bocas num duelo de olhares feitos afetos e vontade cumprida.
Houve um riso escapado dessas
lembranças que envolveu os meus olhos em capricho e loucura e quase quase vivi
para te ter amado nessa hora, em rebeldia e ilusão.
Havia as tuas mãos em desenfreada
correria por palmos de pele excitada e o vento da tua respiração soprando
brisas de luz em caricias por inventar.
Ainda há amor declarado nos poros
acesos pela saudade.
Fazes reviver momentos
amortecidos em textos de lembranças querendo ir para o prelo da tua boca tornarem-se
livros com folhas por desvirginar na profundidade de lágrimas perdidas em
contraluz declamadas.
Não sei se somos uma declaração
de amor ou o silêncio que por ela se escapa para acender o fogo da paixão.
…
musa
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