sábado, 17 de setembro de 2016

DE AMAR-TE A VIVER

DE AMAR-TE A VIVER

Queria escrever-te uma carta que guardasses o resto da tua vida
Como uma âncora fundeada em teu ser
Uma carta de um até já e não um adeus de partida
As últimas palavras antes de morrer
O sentir apertar o peito desta insana brevidade
Uma lágrima no olhar a cair sem humedecer
As gotas líquidas de que é feita a saudade
Esta fortaleza a fingir
Os sonhos perenes da realidade
Um abraço de luz a transparecer
E o quanto às vezes é tão difícil existir
Sentirmos e sabermos que fazemos tudo errado
Que não é justo não é correcto
Mas é tão bom e doce termos nos lado a lado
E viver serenidade deste amor secreto
Algo especial de pele e sentidos
Único dos dois silente discreto
Quase animal que nos deixa perdidos
E depois resta ainda o infindável desejo
A loucura do beijo
Os corpos saciados
O profundo cansaço
Docilmente enlaçados
Desse amor feito de um abraço
Para mim o único instante em que me sinto viva
O resto dos dias já não estou aqui
Por isso triste e distante de ti
Escrevo esta carta de despedida
Este lamento que insiste dizer
Sem saber ou sentir que já morri
De amar-te a viver
...
musa

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