segunda-feira, 21 de outubro de 2013

FRIO OLHAR

Oxida-se luz nas fímbrias soltas da iris amargurada
Corro páginas do dicionário procurando explicação
Para a palavra ausente de todo esse sentir oxidado
Mas cega de descontentamento não encontro nada
E na clara névoa dos olhos embaciados de ilusão
Chega um inverno inteiro chuvoso frio e gelado

Ainda queria as árvores vestidas de longos vestidos verdes
Altivas no seu porte de sombra a florescer oxidado sentir
Uma cegueira presa em folhas soltas de saudades e sedes
Que olhar algum tem nomeado ser no dicionário do existir
Páginas fileiras arvorejadas de palavras sedentas sebes
Por onde quieto inverno chega dourando folhas a fingir

São assim os dias que vejo no calendário solitude existência
Inverno mesclando a vida que teimosamente se deixa cair
Em chão de olhar que oxida húmus de folhas tingida morte
Despem-me dias palavras armadas de silêncio e clemencia
E as árvores nuas deixam-me no sangue sentido a consentir
Frio olhar ouro e vida e todas as tonalidades azar ou sorte
Ah… dói esse inverno que chega e fica em mim até partir

musa

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