«Aqueles
que queimam livros,
Acabarão
por queimar homens»
Heinrich
Heine
Quantos
corpos calcinados testemunharam ao longo dos séculos o sacrifício de morrer por
um livro... ficar em cinzas no cemitério dos livros esquecidos...
Suicídio
inusitado daqueles que deitavam livros para a fogueira... a historia está cheia
de textos malditos, interditos, proibidos, em que os autores sofreram a prisão,
o exílio, a morte... por causa de impor a sua razão, de rimas mais ousadas,
palavras anónimas brutais, censuradas, ainda que os seus livros tenham ficado
na memória, resistido ao tempo, na secreta intemporalidade que só a palavra
escrita consegue vencer, chegam-nos cheios de um medo insano, repletos de
tabus, de uma áurea estranha, estes textos interditos são o testemunho sincero
do maquiavélico sentido de poder do homem sobre o homem.
Da
antiguidade aos nossos dias, milhares e milhares de livros foram destruídos,
milhares de obras foram censuradas, alguns mesmo foram dizimados para sempre,
alguns desapareceram sem deixar rasto, enquanto outros continuaram a circular
na veleidade dos meandros clandestinos do livro interdito.
Eram as
obras malditas, culto de leitura na trangressividade da razão, em que a memória
planava entre culturas completamente opostas de credos e de sentires. Queimaram
os livros... queimaram consciências humanas... deitaram para a fogueira os
textos eróticos, as obras de outras religiões, os ensaios filosóficos, velhos
livros de magia, os livros míticos, aqueles textos considerados hereges
dominados pela Santa Inquisição, ao sabor do tribunais eclesiásticos, vitimas
do totalitarismo e da hipocrisia social.
Que resta
dos tempos nascentes da memória sábia desses homens? Sentidos? Segredos?
Submissões? Porquê afinal morreram eles e ficaram os livros?
Censurados
porque o sexo era tabu, as expressividades das emoções humanas eram proibidas,
os sentires das mulheres eram pecado, bramiam na razão loucuras suficientes
para que as fogueiras fossem leitos de purificação e de regeneração do pensar
da época, queriam-se suscitáveis de ganhar o céu em paz, e deixar para trás
tantos desses pensamentos impuros.
Os votos
piedosos das escritas censuradas brilhavam labaredas transformados em cinzas
que o vento levava no seu voar... espalhando dores daqueles que sofriam por ver
tanta injustiça da razão amordaçada, por ver a sua criatividade morrer no
sentido nefasto da intranquilidade soberana que ditava que era preciso
interditar a escrita dos que apresentavam comportamentos desviantes da norma.
Malditos,
miseráveis desse esplendor de cinzas censuradas, foram aqueles que tal comenda
horrorosa premeditaram, e não aqueles que das entranhas da alma deixaram
escorrer tinta de penas incomensurável, sua razão discretamente transcrita de
palavras, verdades plenas de sabedoria, ousado sentido esse de perecer por esse
monstro horrível da interdição, odres politicas, religiosas, morais, de tudo se
poder escrever, colocando entrave à liberdade de expressão e de pensar.
Dos meus
escritos... censuro eu...
...
musa
1 comentário:
QUE MARAVILHA!!
Quando abri meu blog dei logo de cara com essa obra de arte e não resisti e levei pra compartilhar no meu blog com os devidos créditos.
Sucesso!
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