quarta-feira, 11 de abril de 2012

NESTE CORPO QUE É MEU

Na tua alma
Existe a voz dos temporais
Raios de luz iluminada
Um barco chegando ao cais
Em trovões na madrugada
Existe a noite depois o dia
Loba faminta fantasia
Uivar por dentro que se sente
Gritos maduros da escuridão
Água de lágrimas nascente
A brotar na solidão
Existe a fonte
De tantos rios a correr
Barcos perdidos a horizonte
E uma outra alma a gemer
Existe um oceano
Onde eu possa naufragar
Um rio desumano
A ir pra nenhum lugar
Na tua alma vou tecendo
Caminhos já sem pressa
E o olhar vai dizendo
Ao mar já não regressa
Ficas por aqui em terra
Onde existe uma alma mansa
A tua que dentro de mim erra
E de ti nunca se cansa
Existe um tempo
De chegadas e partidas
De um porquê
E de um lamento
Evitando despedidas
Existe a alma à mercê
Dessa outra que fui eu
Que a tua escolheu
Alma que eu não escolhi
Que por dentro nunca vi
Neste corpo que é meu
musa

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