Descia das nuvens pelo sol iluminadas
Ao longe ouvia-te a voz
Um véu cinzento cobria-te de silhuetas
Moradias diminuídas e acasteladas
Pareciam casca de noz
E as gaivotas na foz
Pareciam pequenas borboletas
Num jardim de estrelas douradas
Lá em baixo erguias os braços
Por entre ruas íngremes pavimentadas
Decalcadas de solitários passos
Em corpo de rio banhando margens
Dividindo-te em duas cidades
Vestindo-te em duas paisagens
De cores nuances tonalidades
Porto e Gaia vistas do céu
A coberto de nuvens como um véu
Que o avião parece romper
Lentamente ao descer
Entre a terra e o mar
Aos meus olhos deixa ver
Rio serpenteando a brilhar
Da cidade imensidão
Manto de telhados vermelhos
Refletindo da solidão
Vidas em pátina de espelhos
As pontes a cúpula esverdeada
O verde dos parques e jardins
A Torre dos Clérigos torneada
Mãos que se agitam em varandins
Dizem adeus à cidade encantada
São outras almas que lá viveram
Que dos céus acenam à saudade
Num esvoaçar de felicidade
Com fios do tempo teceram
A ponte que desço maravilhada
Enchendo olhar de beleza
Fico com uma certeza
O Porto que vejo dos céus
Só pode ter sido mão de Deus
…
musa
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