quarta-feira, 5 de abril de 2017

VENTO DA MANHÃ

VENTO DA MANHÃ

Não sei que ventos estes
Frágeis
De uma maldade antiga
Uivam as copas dos aciprestes
Vergam maleáveis
Acicatam chicote como quem castiga
E as árvores diante da brisa
No desalinho do decote
Entregues e amáveis
As vestes enxovalhadas
Pela enfurecida ventania
As folhas quase arrancadas
Na pressa da aragem
Perdem a compostura e a poesia
E o vento quente e abafado
Arruina a madrugada
Ensandece em tropelia
Na sua tremura e voragem
Da loucura que lhe é chegada
Possuído e enfadado
De estranha coragem
Uiva a alvorada
Mal começada
A vil viagem
...
musa

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