DESMANCHO
Contei às mulheres
Das águas sujas
Dos partos envidraçados
Dos rios rasgados
Dos lagos gelados
Dos gritos calados
Dos suspiros abafados
E das suas bocas fechadas e dos seus olhos esgazeados
O espanto triste de quem aborta o medo
E com o ventre grávido de segredo
Tem na espera esconder
O verbo conjugado de silêncio
E tarde ou cedo
No olhar desmanchado a estremecer
Abre as mãos que nunca escreveram uma letra
E os dedos calejados
A vibrar e a doer
Espada a enxada ou a caneta
Os braços cansados
E a quimera do existir
A mancha súbita da perda
Que a vermelho o sentir
Faz a mulher
Sangrar com a erva
...
musa
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