domingo, 11 de maio de 2014

VAGAS DE SAUDADE - para o antónio



Sinto a tua ausência
olho o mar e sinto
humedecida transparência
sinto a minha saudade rindo
dócil inocência
adentro partindo
teu ser ausente
de mim

esta saudade sem fim
tivemos tão pouco e tanto
quase escrevemos um livro
manchei as folhas de pranto
fiz do meu peito teu abrigo
ao sentir-te assim
ainda lembras as nossas conversas
morria as horas contigo
o tempo deixava-se levar
em demoras dispersas
sonhavas comigo
deixava-mo-nos na voz embalar
escutando-te horas a fio
lá... onde o mar encontra o rio
no abraço da foz
havíamos nós
poesia
e o amor

e agora... vagas de saudade
misturam águas melancolia
em nostalgia demora a dor
tantas mágoas na eternidade
o riso em pranto e flor
entrelaça-se de sal e doçura
em estuário areal
abraça-se o rio e o mar
há no peito humedecida loucura
no horizonte aurora boreal
a tingir de saudade o olhar
e num rasgo lento de ternura
surreal inspiração
inundas de sentir a minha lembrança
quase um grito de paixão
ainda pode haver esperança
para esta saudade sem solidão
musa



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