segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ENCANTAMENTO – ao António

Era dela que falavas em bandos de azuis borboletas quando me ouvias
Ode sagrada de palavras secretas a essa deusa de todos os mistérios e encantamentos
Ainda que fosse a minha voz que em ti sentias
No olhar fugidio de todos os instantes e deslumbramentos

“O meu olhar retém-se, teimoso, nas sedas delicadas da tua voz...
Filigrana de emoções que enfeitiça ainda a minha memória...

Se fosse possível, beijava-te sofregamente,
as palavras que baloiçam, ainda, naquela brisa de mar...”

era dela que falavas e adentro do meu olhar rebatias
o encantamento e o fascínio da voz dos búzios dos oceanos
nas profundezas mergulhavas e nas algas te prendias
em murmúrios de sereias e dos ventos bramindo tão estranhos

deusa poesia do silêncio das palavras em prece de sentidos
sussurradas em abraços de um tremente sentir
se fosse possível resgatar esses instantes já perdidos
e à flor da água de sal em doçura e encanto fazer florir
todos os momentos por nós consentidos
neste mar imenso da voz a existir
somente ser esse vaguear de sonhos vividos
que por ela não nos deixa desistir

do mar à terra resgatar a fantasia
sôfrego sofrimento da nossa existência
que feitiço algum seja maior do que essa alquimia
encontro de alma desejo e sentir dessa eloquência
de que assim se faz o encantamento da poesia
e no silencio da palavra encantada
a lírica sustentação do verso
haja no sentir a letra iluminada
que arrebate de luz todo o universo
pela força profunda do poema
tão imenso como um mar
que de sentir se possa abraçar
numa leitura serena
e sentir somente com o olhar
quem lê e sente
porque poesia é sentir
e consente amar
e consentir

e consente o mar

musa 

1 comentário:

Odete Ferreira disse...

Como não deixar fluir o meu sentir no teu sentir?

Um bjo, querida amiga

:)